INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
IA: saiba como ChatGPT e "nuvens" consomem milhares de litros de água
Uso desenfreado de Inteligência Artificial gera grandes impactos ao meio ambiente
Por Azure Araujo

Após a viralização da geração de imagens de artes no estilo Studio Ghibli, impulsionadas por Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa), como o ChatGPT, uma questão pouco abordada e de certa forma desconhecida são os impactos do uso de IA para o meio ambiente.
Isso porque para uma imagem ou animação ser gerada, demanda-se uma necessidade computacional significativa que exige grandes quantidades de energia para megas processadores e data centers que consomem milhares de litros de água.
“Modelos como o ChatGPT podem consumir até 500ml de água para responder 20 perguntas e para gerar as imagens estilo Studio Ghibli, o ChatGPT consome ainda mais água, pois a geração de uma imagem equivale a 20 comandos”, pontua Bárbara Coelho, professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e coordenadora do Comitê Inteligência Artificial na Educação da International Association of Artificial Intelligence, em entrevista ao Portal A TARDE.

Além do uso da água como recurso vital nas operações para o funcionamento da IA Generativa, há também o gasto gerado pelos centros de dados que utilizam água tanto na construção dos equipamentos quanto no resfriamento dos componentes eletrônicos como GPUs e periféricos de mega processadores que consome muita energia de comando, e por isso, geram muito calor durante a operação.
Leia Também:
Outros componentes que, hoje em dia, já funcionam com auxílio de IA Generativa, são os Data Centers, instalações físicas que armazenam e processam dados, como as do Google, por exemplo, que arquivam dados dos usuários na “nuvem”.

No caso da IA Generativa exige ainda mais dos data centers, para treinamento e para inferência, na produção de textos, códigos computacionais e vídeos. O ChatGPT, por exemplo, consome 10 vezes mais água para resfriamento que o Google, segundo a professora.
Agora com a geração dessas imagens o gasto de água aumentou quase 20 vezes mais em comparação a geração de texto
A Google que pensava em construir mais duas unidades de Datas Centers em The Dalles, cidade no estado de Oregon, nos Estados Unidos, em 2020, foi contestada pela população que teve o aos dados de gasto de água nas sedes. “Foi algo da ordem de 355.5 milhões de galões de água que é mais de 1/3 do gasto de água da cidade da população inteira da cidade onde está instalado”, explicou a especialista.
Entre os processos que fazem o uso excessivo de água estão além do resfriamento do tratamento de água, que tem um gasto total de 80% de energia, para assim conseguir resfriar os computadores que consomem 40%. Os outros 20% restantes são para o funcionamento de outros apetrechos.

Segundo Bárbara Coelho, o gasto de água não é o único impacto ambiental. “Outra problemática é que o vapor de água que emanam desses data centers para atmosfera, não necessariamente vai parar nos rios de onde vieram, causando assoreamentos dos rios e outras mazelas ambientais na região”, ressalta.
Apesar dos impactos negativos da IA, a tecnologia apresenta também potenciais benéficos, no uso “na prevenção de desastres, no monitoramento ambiental, na detecção de desmatamento, na pesquisa científica e modelagem climática, na análise de biodiversidade, dentre outros”, como pontua a especialista que ainda disse que os impactos da IA serão discutidos este ano na COP-30 em Belém, no Pará.
“A IA apresenta muitos benefícios para a proteção do meio ambiente, mas hoje funciona à custa de um consumo considerável de recursos naturais como minerais, energia elétrica, água, e de gerar resíduos eletrônicos. É preciso que se garanta que seus malefícios não superem seus benefícios ao meio ambiente”, concluiu Bárbara Coelho.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes