ANVISA
Café fake? Três marcas são retiradas do mercado por riscos à saúde
Produtos continham resíduos e toxinas, sem grãos de café na composição
Por Isabela Cardoso

Três marcas de “pó para preparo de bebida sabor café” foram oficialmente proibidas de circular no mercado brasileiro após inspeções identificarem sérios riscos à saúde pública. A decisão, anunciada pelo Ministério da Agricultura e reforçada por resolução da Anvisa, afeta os produtos das marcas Melissa, Pingo Preto e Oficial, popularmente apelidados de “café fake”.
A partir desta semana, está proibida a fabricação, comercialização, distribuição, propaganda e consumo desses produtos. Todos os lotes devem ser recolhidos do mercado, segundo determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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Mistura de resíduos e toxinas no lugar do café
As análises laboratoriais revelaram que os produtos não continham café torrado e moído de verdade. No lugar do grão legítimo, foram identificados resíduos agrícolas, impurezas e contaminantes perigosos. A rotulagem, feita com letras pequenas e pouco visíveis, sugeria tratar-se de “café com polpa” ou “café torrado e moído”, induzindo o consumidor ao erro.
Os testes do Ministério da Agricultura identificaram a presença da ocratoxina A (OTA), uma micotoxina produzida por fungos que pode causar danos ao fígado, rins e sistema imunológico, além de provocar irritações gastrointestinais.
Além disso, foram encontradas matérias estranhas como pedras, areia, sementes de plantas daninhas, galhos, folhas e cascas em níveis superiores ao permitido por lei (1%).
Em abril, o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) do Ministério, Hugo Caruso, havia dito que os produtos eram feitos de "lixo da lavoura".
Embalagem e preço confundem o consumidor
Um dos fatores que facilitou a entrada desses produtos no mercado foi a semelhança visual com marcas legítimas e o baixo preço, que atraiu consumidores em busca de economia. As embalagens eram quase idênticas às de cafés tradicionais, o que aumentava o risco de confusão.
Em nota, a empresa Duas Marias, responsável pela marca Melissa, alegou que o produto “não é comercializado nem rotulado como 'café torrado e moído'”, mas sim como uma formulação alternativa legalmente permitida. No entanto, tanto a Anvisa quanto o Ministério da Agricultura consideraram as práticas enganosas e os produtos inadequados para o consumo humano. As outras marcas ainda não se manifestaram.
O que o consumidor deve fazer
Diante da proibição, o Ministério da Agricultura recomenda que consumidores:
- Interrompam imediatamente o consumo dos produtos das marcas Melissa, Pingo Preto e Oficial;
- Solicitem troca ou devolução com base no Código de Defesa do Consumidor;
- Denunciem a venda irregular por meio da plataforma Fala.BR, informando o local da compra.
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