ASSÉDIO NO CARNAVAL
Comissão da Mulher repudia agressão contra foliona no bloco Muquiranas 722l2n
Colegiado de mulheres da Câmara de Salvador pede providências à direção do bloco q6m2f
Por Da Redação

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Salvador manifestou repúdio à agressão de foliões do bloco As Muquiranas contra uma mulher durante o desfile no circuito do Carnaval. Para a presidente do colegiado, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), o episódio expõe a face mais abjeta do machismo que impregna as estruturas da sociedade.
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No vídeo que circula pelas redes sociais e noticiado pela imprensa, é possível ver quando a vítima é empurrada diversas vezes e atingida por esguichos de água por vários homens que a cercam.
“Se a Guarda Municipal não tivesse intervindo a tempo, as consequências físicas e psicológicas para aquela mulher teriam sido muito maiores. As imagens me causaram uma profunda revolta. Já não basta o assédio e a importunação que se disseminam pelos circuitos do Carnaval? Estamos aqui para o que ela precisar”, diz a edil.
Para Ireuda, o caso torna-se ainda mais grave quando se observa a proposta do bloco As Muquiranas, no qual homens se vestem de mulher. “O bloco As Muquiranas é uma piada mórbida e de mau gosto, que, calcado no machismo, promove uma agressão simbólica à mulher. Só quem nasceu mulher sabe o quanto é difícil estar na nossa pele. Nossas dores, vivências e as agressões que sofremos nunca serão engraçadas. Portanto, nunca daremos permissão aos nossos algozes para tripudiar”, diz.
Relato da vereadora Laina
Integrante da Comissão, a vereadora Laina Crisóstomo (PSOL) publicou um vídeo de repúdio nas redes sociais e relata que já ou por situação semelhante. “Tentei gravar esse vídeo algumas vezes sem me emocionar, mas parece que a um filme depois de assistir ao vídeo dessa mulher sendo cercada por vários integrantes do bloco As Muquiranas. Me disparou gatilhos de violência e agressão que já sofri. O último foi um misto de machismo e lesbofobia onde eu e minha companheira fomos humilhadas, expostas e agredidas”, disse Laina.
E a vereadora completou: “ei dias me culpando da violência que sofri, pelas roupas, por peitar eles e não aceitar a violência calada. Mas, depois de ouvir tantos relatos, entendi que a culpa não era minha, a culpa é do machismo, do patriarcado e nesse ano eu evitei ser agredida, parece surreal dizer e ter que fazer isso, afinal queria curtir o Carnaval e não queria ter que me deparar com eles! Tomei tanto pavor de pistola de água que nunca quis nem que minha filha tivesse”.
Para Ireuda Silva, o caso não deve ar despercebido. “Nós, da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, reforçamos nosso mais absoluto repúdio a tamanha selvageria. O bloco As Muquiranas precisa se responsabilizar, até porque todos os anos seus foliões viram notícia por atos de agressão física e verbal e depredação do patrimônio público. O Carnaval deve ser uma festa de paz, não de desordem, desrespeito e opressão”, pontua Ireuda.
Além de Ireuda e Laina, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher também é composta pelas vereadoras Cátia Rodrigues (União), como vice-presidente, Marta Rodrigues (PT), Cris Correia (PSDB), Débora Santana (Avante) e Roberta Caires (PP).
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