REGGAE RAIZ!
Ponto de Equilíbrio celebra 25 anos em Salvador: "Maior capital do reggae"
Hélio Bentes, vocalista da banda, que se apresenta nesta sexta, falou com o Portal A TARDE
Por João Grassi

Reggae raiz! Quando se fala nesse gênero musical no Brasil, um dos primeiros nomes que vem à cabeça é o do Ponto de Equilíbrio. Na ativa desde 1999, a banda estourou de vez no início dos anos 2000 e vendeu mais de 50 mil cópias logo em seu álbum de estreia 'Reggae a Vida com Amor', que mexeu com diversos regueiros ao redor do país.
Com uma longa história, o Ponto de Equilíbrio se apresenta em Salvador nesta sexta-feira, 23, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, como parte da turnê que comemora justamente o aniversário de 25 anos do grupo.
Vocalista do Ponto, Hélio Bentes concedeu entrevista exclusiva ao Portal A TARDE. O artista falou sobre a apresentação que acontecerá na capital baiana e detalhou um pouco sobre o que os regueiros e fãs da banda vão conferir.
"A gente fez um show bem bacana. Pensando muito no nosso público, vamos dar esse presente. A gente está fazendo aniversário, mas somos nós que estamos presenteando o nosso público com esse show maravilhoso da turnê de 25 anos", iniciou Hélio Bentes.
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Para Hélio, seria impossível fazer uma turnê sem ar por Salvador, que segundo ele "se não for a maior capital, é uma das maiores do reggae no Brasil". Bentes ainda citou o cantor Edson Gomes, baiano de Cachoeira e um dos grandes nomes do movimento, como uma grande referência.
"Se não é a maior capital, uma das maiores capitais do reggae no Brasil"
"É um lugar onde tem um número de regueiros, de amantes do reggae, Salvador tem essa história. Não posso deixar de falar de uma grande influência, que é um ser humano que eu tenho como família. Os familiares dele me abraçam como família hoje em dia: o Edson Gomes. Ele foi influência, com certeza, para o Ponto de Equilíbrio e para a maioria das bandas de reggae que hoje vivem no Brasil, é um grande pioneiro. Não tem como a gente não falar sobre isso em primeiro lugar. Quando se fala em reggae na Bahia, não tem como não comentar sobre Edson Gomes, que é essa grande referência pra gente", enalteceu.
O cantor relembrou ainda a edição do evento 'República do Reggae' de 2009, quando a banda tocou pela primeira vez na capital baiana. “Bem antes da gente vir pela primeira vez, a galera já comentava e tinha muito pedido: 'Vocês têm que vir na Bahia, tem que vir em Salvador'".
Quando a gente chegou pela primeira vez em Salvador já tinha uma massa boa, mais de 10 mil pessoas cantando a nossa música, de cabo a rabo.
Reggae como instrumento de consciência
O Ponto de Equilíbrio é conhecido por suas letras com críticas sociais e políticas, onde há muita abordagem contrária ao sistema e suas mazelas, como diz o próprio Hélio Bentes. Sucessos como 'Hipócritas' e 'Governo Fascista', por exemplo, trazem reflexões diretas.

"Isso é um mecanismo que, infelizmente, a gente não consegue mudar só com voto. A gente tem a consciência do político, mas a política que eu vivo na minha vida é a política do amor, do bem-estar, do bem ao próximo, do bem da saúde. A gente fala sobre a política não porque achamos que seja a salvação para o nosso mundo. Não, a gente está cansado de saber que não. A gente vai apontando algumas mazelas para que o povo tenha consciência de que ele está sendo ludibriado, de que é preciso levantar a cabeça", pontuou o artista.
De acordo com Hélio, o Ponto de Equilíbrio não tem lado político, mas "está do lado do povo". "A gente canta a favor do povo, contra o opressor e a miséria, enquanto poucos estão com muito e muitos estão com pouco. É mais sobre isso, conscientizar. Uma arma no dia a dia para que você não seja ludibriado pelo sistema opressor, capitalista, esses governantes que, ao meu ver, são todos 'farinha do mesmo saco'. Nossa política é a política do amor, mas esse mecanismo político, ele tá falido", analisou.
O regueiro também trouxe mais sobre a mensagem que a banda quer ar para o público.
Nossa mensagem não é só social e política. Ela é uma mensagem de bem-estar também, que é como um consolo, uma verdade que é universal, incondicional. A gente fala do amor, e do amor de Deus na sua mais profunda essência. Inclui isso tudo. É um caldeirão de alimentos. De alimento de conhecimento, de alimento espiritual...
Reggae fora da bolha

Faltando cerca de um mês para o São João, Hélio Bentes foi também questionado se o reggae pode se encaixar nos festejos que já têm o forró como estilo musical imortalizado. Em 2024, Salvador recebeu a segunda edição do 'Arraiá Reggae', evento junino dedicado aos regueiros no bairro do Pelourinho.
"O espaço pra todo tipo de música é válido, a música é do povo, o reggae é do povo. Ele tem que alcançar corações, não é uma coisa restrita ou VIP. É uma música do povo, para o povo, não importa quem seja, se ele conseguir aquecer aquele coração com a mensagem que o reggae tem para ar, acho que só tem a acrescentar na vida de qualquer pessoa", opinou.
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