Legião Urbana: 1º álbum da banda faz 40 anos 2o3u3g

Dando o pontapé inicial da cena rocker brasileira em 1985, a banda brasiliense Legião Urbana, lançava o primeiro álbum da carreira no dia 2 de janeiro. Quem ouviu o timbre clássico e jeito diferente de cantar do vocalista, logo se perguntou: será que é uma música nova do veterano, Jerry Adriani? Bem, até o próprio ícone da Jovem Guarda, dono de um timbre suave, melodioso e marcante, reconheceu que a voz de Renato Russo era muito semelhante à sua.

Para além da coincidência, o conteúdo lírico das letras das canções presentes no disco denunciava a profundidade e sensibilidade da caneta de Renato Russo. Músicas como "Será" e "Geração Coca-Cola", por exemplo, capturam a angústia e a busca por identidade de uma geração que se via diante de um futuro incerto.

É fundamental esclarecer em qual contexto histórico o trabalho foi lançado. A Legião Urbana surgiu em um momento em que o Brasil ainda se recuperava dos traumas da ditadura militar. A liberdade de expressão estava às apalpadelas num túnel escuro, as cicatrizes sociais e políticas ainda eram profundas. O álbum, portanto, não representa apenas uma coleção de músicas; é um reflexo de um país em transformação, onde a arte era, além de tudo, um veículo de resistência, esperança, a voz do povo.

O disco de estreia de uma das mais carismáticas bandas de Rock nacional, intitulado simplesmente "Legião Urbana", contou com a produção do experiente, Mayrton Bahia, que assina trabalhos de nomes como, Elis Regina e Kiko Zambianchi. No repertório, 11 (onze) faixas que trazem uma atmosfera dominada pelo rock, pop, influências do punk e MPB, refletindo a efervescência cultural e criativa do brasileiro.

As melodias cativantes e arranjos, embora simples (como manda o figurino Punk Rock), são extremamente eficazes e conquistaram fãs no sentido literal da palavra. A produção, embora modesta, quase crua consegue destacar a força da voz de Renato e a habilidade dos músicos, Dado Villa-Lobos (guitarra), Marcelo Bonfá (bateria) e Renato Rocha (baixo). Esta é uma das pouquíssimas vezes que podemos julgar um interior pela capa, pois o design minimalista, apresenta uma fotografia em preto e branco que retrata a atmosfera urbana e descolorida do abismo social no Brasil.

Quarenta anos após a chegada do disco “Legião Urbana” às saudosas lojas de discos, não é difícil perceber como as críticas sociais, alienação e insatisfação juvenil reverberam até os dias atuais e de como, neste contexto, a autenticidade e a sinceridade nas letras, aliadas a uma sonoridade que dialoga com o público jovem, garantiram à Legião Urbana um lugar especial no panteão do Rock brasileiro.