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MÚSICA

Jam no MAM confirma edições quinzenais a partir de julho

Evento teve patrocínio renovado por mais um ano

Por Grazy Kaimbé*

30/05/2025 - 22:20 h
Jam no MAM voltará com edições quinzenais
Jam no MAM voltará com edições quinzenais -

A Jam no MAM, um dos projetos mais longevos e emblemáticos da música instrumental brasileira, dá início a uma nova temporada hoje, com apresentações do duo Aline Gonçalves & Rodrigo Picolé e da banda Geleia Solar. O evento acontece no Museu de Arte Moderna da Bahia, localizado no histórico Solar do Unhão — antigo engenho do século 17 às margens da Baía de Todos-os-Santos, em Salvador.

Com mais de 25 edições realizadas, o projeto ganha fôlego renovado através da parceria firmada por meio do Programa Petrobras Cultural. Segundo o diretor artístico Ivan Huol, a nova temporada chega com novidades: a partir do segundo semestre, as apresentações am a ocorrer duas vezes por mês, sempre no segundo e no último sábado, até dezembro.

“O patrocínio nos permite aperfeiçoar a parte técnica e elevar a qualidade das apresentações. Além disso, possibilita expandir nosso trabalho de mediação cultural, sobretudo com moradores de bairros periféricos e com associações e instituições que atendem públicos com menor o à cultura”, pondera o diretor artístico e baterista da banda Geleia Solar.

“Esse apoio não se resume a uma ajuda financeira. Ele representa a possibilidade de manter vivo um trabalho que conecta pessoas, forma plateias, leva a música instrumental para onde ela quase nunca chega. É sobre garantir que crianças e jovens tenham contato com outras sonoridades, outras referências. É sobre mostrar que a arte não é um privilégio de poucos, mas um direito de todos. E quando isso acontece, a transformação é real”, complementa Huol.

De acordo com Cacilda Povoas, produtora da Jam no MAM, as edições deste ano serão transmitidas ao vivo, com múltiplas câmeras, direção de fotografia e corte ao vivo. “Não é uma live de celular. É um programa mesmo”, enfatiza Cacilda sobre a novidade.

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Ainda segundo ela, as apresentações também terão audiodescrição, tradução em Libras e monitores de ibilidade. Parte das contrapartidas também envolve a distribuição de convites por meio de associações de bairro e a realização de shows em escolas públicas. “A gente consegue incluir profissionais da ibilidade e expandir a comunicação. Traduzimos vídeos, dinamizamos nossa presença nas redes e ampliamos o alcance do projeto”, destaca.

Temporada e lançamentos

Além das novidades no formato, a nova temporada da Jam no MAM também marca o lançamento do disco Queindá?, trabalho que mescla clássicos da música brasileira com composições autorais e arranjos contemporâneos. No repertório, obras de Jacob do Bandolim, Gilberto Gil, Chico Buarque e Violeta Parra, ao lado de faixas assinadas pelo duo formado por Aline Gonçalves e Rodrigo Picolé. “É uma proposta que valoriza a tradição, mas sem abrir mão de uma abordagem inventiva”, afirma Rodrigo. A apresentação começa às 18h.

O disco Queindá? — cujo nome evoca uma variação regional da palavra “ainda”, surgiu de encontros informais nas ruas do Rio de Janeiro, onde o duo deu os primeiros os. Com arranjos pensados para a formação inusitada de vibrafone e sopros, o álbum propõe uma sonoridade singular, combinando composições próprias e de artistas próximos com releituras de temas clássicos da música brasileira e latino-americana. O uso de flautas, clarinete, flauta baixo e outros instrumentos tocados por Aline dá ao som uma dimensão experimental e melódica que escapa dos padrões convencionais.

“É um disco que atravessou três cidades: começamos a gravação no Rio, depois seguimos em Belo Horizonte e também aqui em Salvador. Foi um processo longo, feito à distância, que agora ganha esse momento bonito de encontro e celebração”, diz Rodrigo.

Frequentador assíduo da Jam, ele também destaca a importância do projeto para além da música. “A Jam é fundamental para a cena instrumental de Salvador. Um espaço de excelência artística, mas também de diversidade, com mulheres, pessoas trans, artistas de diferentes raças e origens. E mais: é raro ver tanta gente reunida para ouvir música instrumental. Já estive ali em noites com mais de 1.500 pessoas. Isso tem um peso enorme”, afirma.

Após a apresentação do duo, a banda Geleia Solar — anfitriã do projeto — sobe ao palco para sua tradicional jam session. A formação é variável, reunindo músicos de diferentes gerações e trajetórias em encontros marcados pela improvisação e pelo cruzamento entre jazz, ritmos brasileiros e experimentações ao vivo.

Ritmo vivo

Criada em 1993, a Jam no MAM nasceu com a proposta de promover a improvisação na música instrumental. Segundo Ivan Bastos, um dos idealizadores, o projeto mantém-se fiel ao espírito das tradicionais jam sessions. “O que acontece no palco é um encontro espontâneo. Cada nova formação decide na hora o que vai tocar”, explica.

A trajetória da Jam acompanha a própria transformação da cena instrumental na Bahia. Se nos anos 1990 o cenário era mais , com menos músicos e forte influência do jazz norte-americano —, hoje o panorama é outro. Uma nova geração, mais numerosa e diversa, tem produzido uma sonoridade profundamente conectada às tradições locais. “A gente abrasileirou a Jam. Hoje ela é mais local e, paradoxalmente, mais universal”, resume Ivan.

Essa virada estética se deu de forma gradual, com a inserção crescente de repertórios baianos e nacionais. Em paralelo, o avanço da educação musical na Bahia teve papel decisivo nesse processo. A produtora Cacilda Povoas destaca iniciativas como a criação do curso de música popular na Universidade Federal da Bahia (UFBA), o trabalho dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba), a atuação de Bira Reis com a Orquestra Afro Sinfônica e a formação oferecida por escolas como o Rompe Lázaro. “Os jovens chegam à Jam mais preparados, com mais vivência de conjunto, o que eleva o nível das apresentações”, afirma.

Ao longo dos anos, a Jam no MAM também se consolidou como um espaço de formação. Professores da UFBA, como Rowney Scott e o próprio Ivan Bastos, integram a banda base e frequentemente dividem o palco com seus alunos, construindo pontes entre gerações. Um exemplo é o saxofonista Lucas Declier, que teve sua primeira experiência no palco da Jam como aluno de Rowney, durante uma apresentação de turma. “É uma oportunidade única para os jovens tocarem com músicos experientes, num ambiente de troca verdadeira”, destaca Cacilda.

Apesar das mudanças no cenário cultural e das exigências crescentes para ocupação dos espaços públicos, a Jam no MAM preserva sua essência. “Mantivemos a fidelidade ao formato original, mesmo agregando novos elementos”, reforça Ivan.

Desde o início, o projeto tem buscado fortalecer a música instrumental por meio de ações que combinam formação, difusão e intercâmbio artístico. Às vésperas de uma nova edição, ele compartilha o entusiasmo da equipe com os próximos os. “A cada edição, a gente renova o fôlego e a vontade de fazer mais. Estamos preparando tudo com muito cuidado para que essa próxima etapa seja ainda mais potente, levando a música instrumental a novos públicos e territórios”, conclui.

JAM no MAM – Abertura da Temporada JAM e Petrobras 2025 / Hoje, 18h /Praça Maestro Letieres Leite, no MAM Bahia /Ingressos: De R$ 5 a R$ 40 / Vendas: Ingresso Live

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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