SAÚDE
Blue Run: correndo por amor à vida contra o câncer de próstata
Conheça o projeto que reúne mais de mil pessoas para correr por uma vida mais saudável
Por Marina Branco

O ano de 2020 trancou todos dentro de casa. Sem contato com outras pessoas, sem as atividades de todos os dias e com muito medo, muitos preferiam desligar o noticiário e evitar ar o dia mergulhados nas atualizações da pandemia. Do vírus. Das mortes.
Algumas pessoas, no entanto, não podiam fazer isso. Na USP, maior covidário da América Latina, estava uma delas. Clara Carvalho, médica emergencista e coordenadora da clínica médica do Mater Dei, estava há meses sem ver a própria família lutando contra o vírus dentro do ambulatório, e vivendo de perto o drama da pandemia.
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Um dia, em menos de 24 horas, Clara perdeu 22 pacientes para a Covid-19. Desesperada, ela saiu do hospital com a sensação de que nada valia a pena, e buscou algo que a reconectasse com a vontade que sempre teve de viver.
“Eu sempre fui conectada com o esporte. Já tinha sido tenista, crossfiteira, e vi que precisava voltar a suar. Com as academias interditadas, decidi colocar um tênis no pé e saí para correr”, conta. Ali, começou a história de alegria, liberdade e superação de Clara com a corrida.
Pela primeira vez, correu cinco quilômetros. Criou hábito. Melhorou. Dois meses depois, o chefe do hospital onde ela trabalhava comentou que ela havia se tornado uma pessoa mais leve, feliz, que nunca reclamava, e questionou o que ela estava “tomando”. O remédio, no caso, era a corrida diária antes do plantão, para ganhar energia e ar essa vida para os pacientes.

Ouvindo a história de Clara, o hospital criou um movimento de wellness, e assistiu a corrida tirar diversas pessoas do burnout. Assistindo a isso, Clara decidiu mudar a própria vida e a dos outros compartilhando o que vivia com a corrida nas redes sociais e, acima de tudo, com seus colegas da medicina.
“Nós médicos estamos acostumados a cuidar dos outros e esquecer da gente, e quem perde com isso é quem está na ponta do iceberg - o paciente”, comenta ela. A solução para isso, como esteve para ela, pode estar na corrida, e um projeto sabe bem disso: a Blue Run.
Nasce a Blue Run
Entre médicos que cuidavam dos outros e esqueciam de si mesmos, uma ideia despontou a solução para a saúde de médicos e pacientes dentro do grupo Uroclínica, dedicado a cuidar, dentre outros diagnósticos, do câncer de próstata. Incurável na maior parte das vezes em que é identificada, a doença alcança um número ainda maior em Salvador, cidade mais negra fora da África, que tem a negritude como fator de risco adicional.
Nos ambulatórios, pacientes de 78 anos que nunca haviam feito uma consulta urológica recebiam notícias de cânceres incuráveis, e médicos urologistas buscavam uma maneira para reverter esse quadro. A resposta foi simples: o exemplo.
“Por que a gente não cria uma corrida para estimular profissionais da saúde a cuidarem da própria saúde? São pessoas que querem, através do exemplo, ar mensagens para a comunidade em busca de uma vida mais saudável, contra o uso abusivo de anabolizantes, álcool, drogas e muito mais”, comenta o Dr Nilo Leão, urologista e criador do projeto.

Assim nasceu a Blue Run, que teve 200 corredores em seu primeiro ano, 360 no segundo, e nunca mais deixou de crescer. No ano ado, foram 1.200 pessoas correndo por Salvador em novembro, mês de batalha contra o câncer de próstata, colorindo as ruas de azul e cuidando da própria saúde.
Corrida pela superação
Dentre elas, estava a própria Clara, que conta ter usado a Blue Run como meta para si mesma: “Quando me chamaram para correr, eu estava grávida de mais de 30 semanas, e a corrida aconteceria 48 dias após o meu parto. Coloquei como meta, mesmo que conseguisse apenas andar o percurso. Foi o que me motivou, me fez voltar à minha essência”.
Puérpera, Clara correu e se tornou embaixadora da prova, espalhando ainda mais a mensagem da saúde pela corrida. “A corrida mudou minha vida. Ela tem esse poder, é capaz de mudar a vida das pessoas”, afirma.

“A corrida é inclusiva, democrática, e a Blue Run é esse manifesto de amor à vida, de influenciar quem está longe e também quem está perto. Em uma corrida de dia das mães, levei minha mãe que nunca tinha corrido para tentar, e ela se sentiu extremamente empoderada. Pessoas precisam de pessoas, e pessoas inspiram pessoas”, completa.
Para ela, a Blue Run extrapola até mesmo o já conhecido simbolismo do Novembro Azul, alcançando o conceito de Blue Zones, regiões do mundo com mais centenários. “Essas pessoas são longevas porque têm movimento, propósito e conexões sociais na vida. A Blue Run é isso”, diz.
Blue Run em 2025
Em 2025, a Blue Run acontecerá no dia 2 de novembro, com inscrições já abertas. A maratona acontecerá no Jardim de Alah, e contará com percursos planos de 10km, 5km, 3km e caminhada, distribuídos entre as mais de mil pessoas esperadas pela organização do evento. A cada 2km, será colocado também um ponto de hidratação, cuidando dos participantes que terão o a diversos apoios de saúde.
O evento contará com um posto médico na arena, ambulâncias nos percursos e uma responsável médica certificada pela World Athletics, além de diversas ações de ativação, espaços para foto e um show de encerramento.

Após a corrida, serão premiados os mais rápidos das categorias sub 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos e acima de 60 anos, com premiações em dinheiro que alcançam um total de quase 23 mil reais.
Os participantes da Blue Run também terão o a três ebooks gratuitos, “Dieta Pré-Treino”, “Desinflame o Caminho da Saúde Através do Intestino” e “Envelheça com Saúde”, para dar continuidade aos cuidados com a saúde e a busca por uma nova vida.
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