CONVOCAÇÃO
Ancelotti comenta escolha de Vini Jr e Casemiro e ausência de Neymar
O técnico italiano fez sua primeira coletiva de imprensa no comando da Seleção Brasileira
Por Marina Branco

Carlo Ancelotti, novo técnico da Seleção Brasileira, foi apresentado e realizou sua primeira convocação para os jogos contra Equador e Paraguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Sem Neymar e com a volta de Casemiro, o italiano fez suas escolhas e seguiu para a primeira coletiva de imprensa no comando da Seleção Brasileira.
De início, Ancelotti falou sobre o pouco tempo de treino que terá com a Seleção Brasileira, que joga já no dia 5 de junho. O italiano nunca treinou uma seleção, acostumado com o calendário de treinos disponível no futebol de clubes, e comentou o novo desafio na coletiva.
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"Este é o calendário do futebol de hoje, não há tempo para treinar, para preparação. Eu acho que o time vai estar preparado para esses dois jogos, porque são dois jogos muito importantes para a classificação. Eu tentei chamar jogadores preparados e que possam contribuir para o time. Eu acho que é uma temporada exigente, os jogadores que vêm estarão bem preparados para contribuir e tentar ganhar", afirmou.
Sem Neymar
Então, chegou o momento de comentar a grande dúvida da convocação: Neymar. "Como eu disse, nesta convocação eu tentei selecionar jogadores que estão bem. Neymar teve uma lesão há pouco tempo. Todos sabem que Neymar é um jogador muito importante, sempre foi e sempre será", começou o técnico.
"Logicamente, infelizmente, atualmente temos muitos jogadores que sofrem lesões e que não podem estar na seleção, como Neymar, que ou por uma seleção. O que eu quero dizer é que o Brasil tem muitos jogadores talentosos e logicamente, no caso específico de Neymar, contamos com ele", continuou.

"É a seleção nacional. O Brasil conta com ele. Ele voltou ao Brasil para jogar para se preparar bem para o Mundial. Eu falei com ele nesta manhã para explicar a ele isso e ele está totalmente de acordo. Nós assim continuamos", finalizou.
O retorno de Casemiro e Richarlison
Além da ausência de Neymar, foi destacado o retorno de Carlos Henrique Casemiro à Seleção, convocado por Ancelotti. "Para falar do Casemiro, na minha opinião, ele é um grande jogador. Tive a sorte de estar com ele, eu acho que a seleção precisa desse tipo de jogador, que tem carisma, personalidade, talento", elogiou.
"Como eu disse, o Brasil sempre teve muito talento. No futebol moderno, é preciso acrescentar atitude, compromisso, sacrifício, e isso o Casemiro tem. E muitos dos que foram convocados têm isso. É um aspecto fundamental, principalmente para se preparar para o Mundial", opinou.
"Eu acho que, assim, nós sairemos muito bem. Hoje eu falava com o Felipe, que me deu conselhos muito bons, para preparar bem este tipo de competição. Neste sentido, eu falei muito do ambiente que podemos criar dentro da equipe, mas também em torno. Todo o país, o Brasil inteiro, pode nos ajudar", concluiu.

A intenção do técnico italiano é justamente mesclar nomes antigos com novas estrelas do futebol brasileiro, misturando qualidades de muitos atletas. "Casemiro está aqui, porque ele merece estar aqui pelas suas qualidades. Entre as qualidades, estão experiência, conhecimento, liderança. Não significa que está este porque é jovem", disse.
"O Estevão está aqui porque tem qualidade. Logicamente a conexão com jovens traz entusiasmo, motivação e vontade. Experiência traz conhecimento, leitura das situações, liderança. Em um time, tudo isso tem que se juntar. O Estevão pode ajudar o Casemiro com o seu entusiasmo. O Casemiro pode ajudar o Estevão na atitude, no compromisso. Sempre é uma questão de conexão", completou.
Outro exemplo é a volta de Richarlison, treinado por Ancelotti no Everton: "Essa convocação sai de pensamento conjunto. Nós trabalhamos conjunto, olhamos os jogadores e pensamos neste momento, considerando todas as dificuldades e os jogadores que estão suspensos. Pensando nisso, logicamente, eu conheço a atitude do Richarlison e do Casemiro. Eles têm vantagem nesse sentido. Mas terei a oportunidade de conhecer todos".

Vini Jr do Real Madrid para o Brasil
Um dos jogadores mais conhecidos por Ancelotti é, sem dúvidas, Vinicius Júnior. Comandado pelo treinador no Real Madrid, Vini agora a a trabalhar com Carlo na Seleção, onde já foi muito criticado por ter um desempenho abaixo do que apresenta no clube espanhol.
"O Vini vai tirar sua melhor versão, porque é um jogador extraordinário, trabalhador, lutador. A verdade é que o jogador brasileiro tem muito carinho pela sua seleção, e pode ser que isso afete um pouco a naturalidade do pensamento, no sentido de que, às vezes, se sente muita pressão para se sair bem. Isso pode ser que não permita se sair bem. Estou totalmente convencido de que o Vini, com a sua seleção, vai mostrar a sua melhor versão", afirmou.
Para Ancelotti, a importância de Vini no Real Madrid alcança também o Brasil, tornando o atacante uma peça relevante na equipe. "Como eu disse antes, depende das características dos jogadores, logicamente. Vinicius é um jogador muito importante para esta seleção. Há muitos jogadores que serão muito importantes e que também não estão nesta convocação. Eu acho que eu sempre gosto de nomear os que não estão. Há jogadores não incluídos agora que vão contribuir muito durante o ano", disse.

Ainda no Real Madrid, Ancelotti treinou Endrick, de fora da convocação por lesão mas lembrado pelo técnico na coletiva: "O Endrick progrediu muito bem, tem potencial. Logicamente tem que aprender, como o Vini e o Rodrygo tiveram de aprender. Esse é um processo que o jogador jovem, de 17 anos, que vai para um grande clube, como foram os casos do Vini Jr e o Endrick".
"É preciso ter paciência com os jovens, porque às vezes não estão completamente formados. É um processo de aprendizagem, em que o jogador tem que avançar. Não há dúvida disso, mas principalmente porque o futebol hoje é mais exigente do que quando eu comecei, por exemplo. Agora se exige dos jovens principalmente os grandes clubes que eles sejam esperto para jogar no nível máximo. Tem que estar preparado para fazer isso", completou.

De volta ao topo
Em suas falas, Ancelotti deixou muito clara a intenção de voltar ao topo do futebol mundial com o Brasil, focando na Copa do Mundo de 2026. "O futebol tem gerações, épocas, e isso às vezes pode afetar. Pode afetar o resultado final. A Itália e o Brasil voltarão, no próximo ano, a ser competitivos, como sempre foram", disse.
"A Itália melhorou muito. O Brasil sempre esteve no nível mais alto. O Brasil, quando teve time mais forte. Itália, quando ganhou. Brasil pode ter tido time mais forte, mas nem sempre foi capaz de conectar talento com sacrifício", avaliou.
Para ele, o estilo de jogo brasileiro precisa oscilar entre propositivo e reativo: "Acho que, no futebol, não pode se fazer uma única leitura. Tem que ser futebol propositivo em alguns jogos e reativos em outros. Eu não gosto de time que eu treine e tenha uma identidade, significa que você só é capaz de fazer uma coisa. Se quer ter sucesso, precisa fazer muitas coisas bem. Propositivo, reativo, pressionar... Existem muitas coisas para ter sucesso. Por isso, quando me dizem, o seu time não tem uma identidade clara. Eu não quero identidade clara", analisou.
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