EMPREGOS & NEGÓCIOS
Mercado de cuidadores de idosos cresce 547% em dez anos no Brasil 4k5ez
Oportunidade na área fez a quantidade de profissionais ar de 5.263 para 34.054 nos últimos 10 anos 5o5um
Por Joana Lopes

Para cada 100 crianças de 0 a 14 anos no Brasil, existem 100 idosos (pessoas com 60 anos ou mais). Os números registrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se refletem também no mercado de negócios e emprego: Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre 2012 e 2022, o setor gerou um crescimento de 547% no número de cuidadores de idosos, ando de 5.263 para 34.054 profissionais. O investimento nesse nicho ou a ser uma opção atrativa para pequenos e médios empresários.
Enfermeira e com 22 anos de experiência em cuidados domiciliares, Rosemary Teles decidiu abrir com o marido, há quatro anos, uma franquia da Cuidare, empresa de cuidadores de pessoas. A marca conta com 70 unidades espalhadas pelo país e faturou cerca de R$ 150 milhões em 2024, com mais de 10 mil colaboradores. “A população está envelhecendo e com cada vez mais comorbidades. As redes de apoio e cuidado são cada vez mais necessárias, pois lidamos com patologias que trazem muito desgaste na rotina diária”, conta Rosemary.
Estevan Oliveira, CEO do Grupo Acolher e Cuidar, acrescenta que o crescimento do mercado também se deu por causa da pandemia de Covid-19. “A doença provocou algumas sequelas nos idosos, atingindo principalmente o sistema nervoso central cardiovascular e os aspectos psicológicos, causando maior dependência nas atividades de vida diárias”.
Apesar de parecer uma maneira promissora de ganhar dinheiro, os empresários do setor ressaltam que ele exige muito preparo e qualificação. Os cuidadores de idosos devem ter uma formação técnica na área, com cursos de gerontologia, enfermagem, primeiros socorros e afins. “Um cuidador não é simplesmente um acompanhante, ele precisa de competências técnicas e comportamentais para lidar com clientes que têm necessidades físicas e psicológicas específicas”, diz Rosemary.
Ela conta que, na Cuidare, os profissionais am por um processo seletivo rigoroso e recebem treinamento técnico e comportamental. “Muitas vezes, um cuidador tem muita experiência e competência técnica, mas deixa a desejar no trato. A gestão precisa ouvir e acolher esses trabalhadores, que muitas vezes lidam com desafios como a agressividade dos próprios idosos, por exemplo.”
Chances e desafios
Rosemary diz que há maior aceitação entre as famílias sobre a necessidade de contar com cuidado especializado para os seus entes queridos, mas ainda falta consciência sobre a diferença entre um cuidador de pessoas e um cuidador doméstico, que realiza tarefas do lar, como cozinhar e limpar, por exemplo. “É uma linha muito tênue entre diferentes funções e alguns clientes misturam as atribuições do profissional.”
Esse é um dos desafios enfrentados diariamente por Luciene Pereira da Silva, que é cuidadora há cinco anos. Após ar por graves complicações após um parto gemelar e ficar 22 dias internada, ela se interessou pelos profissionais do cuidado, em geral. Decidiu, então, fazer o curso técnico para tornar-se cuidadora de idosos e ou a estudar cada vez mais sobre a área. “Minha primeira paciente tinha Alzheimer e aprendi muito com ela. Li e pesquisei muito sobre o assunto e fui desenvolvendo mais habilidades”, conta Luciene, que acaba de se formar como técnica em enfermagem.
“O próprio ofício me incentivou a buscar essa formação. Além de ter carinho e empatia, é importante conhecer técnicas de fisioterapia e mobilização, principalmente ao lidar com idosos acamados”, explica. Luciene lembra que o profissional precisa lidar também com a família do paciente e deve saber prevenir ou mitigar eventuais conflitos. “Essa adaptação é uma construção diária.”
Na Bahia, um cuidador de idosos autônomo ganha, em média, R$ 1800, a depender das escalas de plantão que realize. Ao prestar serviços para clínicas especializadas, o valor pode chegar perto de R$ 3.000. Não há, no entanto, benefícios como e psicológico, algo que os profissionais da área consideram fundamental. “Atendemos pessoas com depressão e, muitas vezes, acabamos absorvendo isso. Quando perdemos um paciente, simplesmente temos que virar a página e seguir em frente”, lamenta Luciene. Ela espera que o crescimento desse mercado se reflita também na valorização dos profissionais que o compõem.
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