ARTES VISUAIS
Museu de Arte da Bahia recebe mostra que une fé e cultura
Exposição e lançamento de livro no MAB evocam diálogo entre arte e fé católica
Por Chico Castro Jr.

Um diálogo entre a fé e a arte, é o que propõe a exposição Biografias Transfiguradas, que abre hoje, a partir das 17h, no Museu de Arte da Bahia (MAB), com mostra de telas do artista visual e médico Tripoli Gaudenzi. A exposição vem a reboque do lançamento do livro A Medicina de Deus - D. Luigi M. Verzé (1920-2011): Uma Biografia, de Carmelo Mezzasalma (Quarteto Editora).
Dom Luigi Maria Verzé foi o fundador do Monte Tabor - Centro Ítalo-Brasileiro de Promoção Sanitária, localizado na Avenida São Rafael, instituição que já soma mais de 20 mil atendimentos gratuitos para a população mais vulnerável.
A ocasião, com o lançamento do livro e a exposição, é comemorativa dos 50 anos de fundação do Monte Tabor.
As 27 telas do Dr. Tripoli expostas no MAB são resultado da convivência dele – e consequente inspiração – com D. Luigi. Os quadros trazem uma série de procissões católicas por diversos pontos da capital baiana, como o Pelourinho, a Ladeira da Montanha, Convento do Carmo, Cruz do Pascoal e Cachoeira, no Recôncavo.
As técnicas variam entre o óleo sobre tela, óleo sobre tela colado em eucatex, guache e aquarela sobre papel.
“Dando sequência às comemorações dos 50 anos do Monte Tabor na Bahia, temos a alegria de celebrar também os 50 anos de dedicação do Dr. Tripoli, colaborador da primeira hora dessa obra que é, antes de tudo, um sinal de fé e serviço ao nosso povo”, afirma Dioney Mascarenhas, Diretor-executivo do Monte Tabor e membro da Comunidade Sigilli, congregação de mulheres e homens cristãos católicos, fundada por D. Luigi Verzé em 1966, em Verona, cidade italiana em que nasceu.
“Nada mais justo do que trazer à evidência a beleza de sua trajetória, agora revelada nesta exposição que retrata, com sensibilidade e força, as procissões da nossa terra – expressão viva da religiosidade e da cultura do povo baiano”, acrescenta Dioney.
Nascido em Salvador, Tripoli Francisco Britto Gaudenzi integrou, ainda nos anos 1960, os coletivos de artistas Bazarte e Bahiarte, em paralelo à carreira na medicina.
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Tratos à imaginação
Sua primeira mostra individual, Óleo e Traço (1979) teve textos de apresentação de Vinícius de Moraes (então em sua temporada baiana, morando em Itapoan) e de Calazans Neto. De lá para cá, pintou séries de telas inspiradas em Canudos, bares e botequins de Salvador, além da própria medicina.
“Se dermos tratos à imaginação, veremos a procissão indo lentamente pelas ladeiras e ruas tortuosas, margeando o casario colonial do velho centro, com o povo a segui-la entoando cânticos e rezas, traduzindo a fé ao som dos sinos das velhas igrejas, ou mesmo, talvez nos lembrássemos desse evento por um conhecido músico e cantor da Bahia, também envolvido por esta atmosfera tão peculiar, ao escrever em uma de suas canções de muito sucesso: ‘Olha lá, vai ando a procissão / se arrastando que nem cobra pelo chão”, cita o dedicado médico / artista, lembrando do clássico Procissão, parceria de Gilberto Gil com Edy Star.
“Esta exposição retrata estas manifestações em seus momentos mágicos de outrora, aqui ou alhures, as quais deixaram profunda impressão em mim”, conclui Dr. Tripoli.
“Biografias Transfiguradas” / Evento com lançamento da biografia de D. Luigi Maria Verzé e exposição de Tripoli Gaudenzi / Hoje, 17h / Visitação até 22 de junho, terça-feira a domingo, das 10h às 18h / Museu de Arte da Bahia (MAB)
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